
O 'Terreno das Vaquinhas', localizado no Jardim Aquarius, na região oeste de São José dos Campos, começa a ganhar a forma que terá no bairro planejado Parque Una, empreendimento de oito anos e que se tornou “o projeto da vida” de Fabiano De Marco, cofundador e sócio da Idealiza Cidades, empresa responsável pelo projeto.
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“É o projeto da minha vida até agora e tem uma probabilidade razoável de ser o projeto da minha vida de sempre”, disse o empreendedor em entrevista exclusiva a OVALE. Ele lançou um livro para detalhar todo o projeto inovador.
Após a aprovação no governo estadual e na Prefeitura de São José dos Campos, o terreno de 500 mil metros quadrados começa a ganhar a forma do novo Parque Una, que nasce com o conceito de bairro planejado, misturando residências, prédios, áreas comerciais e um parque para a livre circulação da população.
Por décadas ocupada por pastagens, o terreno começou a receber as primeiras intervenções em março, para a construção do novo bairro planejado da cidade.
Nessa entrevista exclusiva, Fabiano De Marco fala sobre o início das obras, o tamanho do empreendimento, dá detalhes do novo bairro e explica o impacto do Parque Una na cidade e na vida da própria empresa.
Confira a entrevista na íntegra.
Como está o empreendimento hoje?
O projeto foi aprovado no final do ano ado, registrado no registro de imóveis e a primeira oferta foram aproximadamente 130 lotes unifamiliares. São lotes residenciais para casas de dois pavimentos, atrás do [condomínio] Sunset. Isso dá mais ou menos 50 mil m² de área vendável.
Essa oferta foi feita em dezembro e foram todos os lotes vendidos. A condição de pagamento foi de 48 parcelas e o preço de venda foi R$ 4.250 o metro quadrado. Participaram 200 imobiliárias do processo de vendas. Na convenção de vendas que aconteceu em dezembro, foram 1.600 corretores que participaram. Foi a maior convenção de vendas que já aconteceu aqui na cidade, em número de pessoas.
Nós tivemos a participação lá do [Marcos] Casuo, que é um único brasileiro que foi palhaço no Cirque du Soleil. Então foi uma atração circense e junto com a equipe dele. Foi uma surpresa para nós positiva a aceitação do produto e também o 100% vendido.
Como estão as obras no local?
Nós iniciamos as obras de infraestrutura, começamos pela terraplanagem, estamos acho que em torno de 60 dias em obras. As pessoas já podem ver ali na avenida Cassiano Ricardo a movimentação. As nossas obrigações contratuais são a partir do dia da dos contratos em dezembro, com obrigação de entrega de 36 meses.
Começou a obra no início de março essa primeira etapa de terraplanagem, eu já vi hoje que tem alguns muros de arrimo ali sendo construídos.
Depois começam as redes de drenagem, de água, de esgoto e aí depois para as redes elétricas. Nosso prazo total de conclusão da obra é 8 anos, mas em três entregas, sendo a primeira em 36 meses, que está em obras, inclui toda a parte da frente da Cassiano Ricardo e também os lotes unifamiliares atrás do Sunset.
Onde a Cassiano Ricardo tem três pisos, nós faremos a quarta. Onde ela tem duas, nós faremos a terceira. E depois nós faremos os lotes. Aqui são os lotes onde podem ser construídos os edifícios.
Então, a primeira etapa são lotes e quadras. Depois a segunda etapa, o binário, e a terceira etapa é a continuidade das duas avenidas. Essas são as três fases de entrega de obras. E depois nós temos a Via Oeste, a duplicação dela.
Nós teremos salas comerciais, grandes, médias e pequenas, largas, corporativas, que seriam um andar inteiro ou meia laje.
Apartamentos de um dormitório, aí nos compactos, dois dormitórios, duas suítes, três dormitórios, três suítes, três dormitórios médio aí na casa de 140, 160 m² e três dormitórios acima de 200m². Também teremos de 300m², de uma unidade por andar.
Então, nós vamos atuar em todos os espectros por se tratar de uma oferta grande e de um bairro que se tem diversidade, tanto de oferta quanto de tipologias.
E os prédios?
Há terrenos que são para incorporação. Não é um produto destinado ao consumidor final. São da cadeia da construção civil. Então ali se for comercializados teria que ser uma conversa com uma incorporadora. A nossa empresa é incorporadora, então nós faremos prédios nossos. Mas nós temos a possibilidade de nos aliarmos a outras incorporadoras, seja do Vale ou de fora do Vale, para se somarem a nós e desenvolverem o bairro de uma forma mais rápida.
O valor geral de vendas aqui foi próximo de R$ 250 milhões, um pouquinho menos, R$ 240 milhões e pouco. Em 36 meses é a entrega da infraestrutura. Só a infraestrutura.
A partir do momento que nós lançarmos o primeiro prédio, aí o prazo de execução desse prédio é 36 meses também. E aí a segunda fase, que é o parque.
Como vai ser essa parte do parque?
Isso aqui é o coração do projeto. Já é possível observar nas janelas do Jardim Aquarius a dimensão do parque. Porque a terraplanagem marcou a forma do parque. As pessoas já, visualmente, podem entender o tamanho do parque na escala real. Tem uma pista de corrida de aproximadamente 1 km no entorno.
A Casa Una, que tem um pub no sub, segundo subsolo, estacionamento para visitantes no primeiro subsolo, lojas no térreo, segundo, terceiro e quarto pavimentos, lajes para indústria criativa, para startups, empresas de tecnologia e no rooftop, na cobertura, três operações gastronômicas.
Além disso, um espaço aqui para academia ao ar livre, um espaço de playground, um sistema de drenagem verde e aqui no fundo um mirante com vista para o Banhado. Temos um auditório inspirado numa oca indígena, a forma dele, ele é circular.
Esse telão serve tanto para um aparato publicitário para quem está chegando no parque, com um telão para palestras, como também pode ser observado por quem está aqui no parque, se ar um jogo de futebol, alguma coisa, pela parte de trás. Espaço para uma academia térrea, próxima das áreas de lazer, que são públicas no parque. Então, futmesa, ping-pong, basquete.
O playground foi desenvolvido por uma empresa holandesa. O designer se chama Elger Blitz, a empresa se chama Carve. Tem esses brinquedos diferentes. Temos a drenagem verde. As pessoas vão ar numa ponte aqui por cima da copa das árvores.
E aí depois se dirigindo ao fundo tem uma leve inclinação e vai gerando degraus, gera um ambiente assim que pode gerar um cinema ao ar livre, uma apresentação no parque. As laterais dele têm pistas para caminhadas, mais de eio, e pelas bordas pavimentado mais para corridas.
Há o espaço pet para cachorros grandes e pequenos. O mirante no fundo do parque com a escadaria que desce e gera esse visual para o Banhado. E do parque para o fundo vem nessa grama aqui que tem aqueles patamares, e aí vai caminhando.
A terraplanagem prevê algumas correções na topografia, até porque na legislação urbanística existem declividades máximas que o sistema viário pode ter. Então nós temos que corrigir o terreno também para respeitar a legislação. O parque vai ser entregue pronto e equipado para a população.
Quem vai cuidar dos ativos dentro do empreendimento?
Provavelmente a propriedade desses ativos mais estratégicos será nossa, em condomínio com a CTH, que é a proprietária da terra. E aí em conjunto nós faremos essas construções e as locações.
Essa modelagem que vocês estão fazendo aqui, vocês já fizeram em outros parques? Ou tem coisas inovadoras?
Tem coisas inovadoras. A gente em Pelotas fez o primeiro em 2016, o segundo há 3 anos, acho que há 5 anos começamos em Uberlândia e o de São José dos Campos está começando. E tem uma curva de aprendizado. Por exemplo, a Casa Una de Pelotas e Uberlândia tem 1.000 m² e um programa. A Casa Una de São José dos Campos tem 20 mil metros quadrados e outro programa.
Então, nós já resolvemos aqui um boteco, um bar, que é desejo das pessoas, colocamos no segundo subsolo, vagas para visitantes, mais lojas para varejistas. Sabemos que há um grande interesse das empresas de tecnologias por esses ambientes e aí já criamos para eles se instalarem e três âncoras gastronômicas, que nos outros projetos a gente sentiu que fazia falta e foi tendo dificuldade assim para conseguir viabilizar esse negócio. Dessa vez a gente já resolveu tudo de uma vez só.
É o maior bairro planejado que vocês já fizeram?
É 20 vezes maior do que o de Uberlândia. A casa de Uberlândia tem 1.000 m², já é grande. A de São José tem 20 vezes o tamanho dela. Tem bairros planejados maiores no país, o nosso projeto não é o maior. Eu acho que talvez o nosso terreno seja um dos mais nobres, o mais central dentre os bairros planejados que já existem no Brasil, eu acho que a área das vaquinhas é muito nobre.
Quantas casas terá o empreendimento?
Casas são 132 ou 133, uma coisa assim. Para prédios temos 69 quadras de incorporação, mas não necessariamente todas as quadras serão prédios. Vai depender dos próximos anos as ofertas que a gente vai receber de compra desses terrenos, os usos que eles vão ter. Eu já sei que há uma demanda grande por grandes varejistas, alguns lugares que são destino de serviço e que são empresas grandes e sólidas e que remuneram bem o terreno.
Então, acho difícil que seja tudo prédio assim, mas então eu acredito que pelo menos uns 30 a 40 prédios e potencialmente um pouco mais de 50, mas eu acho que vai ficar dentro dessa escala. E a população eu acredito que talvez uns 40 mil habitantes, 30 e poucos mil habitantes. É muito difícil fazer futurologia.
Porque tem que combinar com os clientes, consumidores, com a cidade, então não sei se eu vou estar aqui para saber quantos habitantes estão morando para terminar.
A altura dos prédios pode chegar até quando?
A maior limitação é o Quinto Comando Militar Aéreo. Como existem alguns helipontos ali na Cassiano Ricardo, a condição que limita a altura são as manobras daqueles helipontos ali. Então, como a gente ainda não fez a aprovação da primeira torre, eu não tenho uma segurança jurídica para falar o número de andares nesse momento. Mas eu acredito que seja entre 25 e 30 pavimentos, o limite máximo. Vai ser 28, 26, alguma coisa assim.
Corre o risco de ter aquele mar de prédio e bloquear a vista?
Eu acho que a gente vai ter uma arquitetura pelo fato de ser sido pensada toda em conjunto, que é por isso que se chama bairro planejado, com posições mais favoráveis dos que aconteceram dentro do Aquarius. Vai um cidadão, compra um terreno para subir um prédio, ele vai tirar o máximo aproveitamento partindo dos seus interesses individuais.
Mas se a mesma construtora comprasse o quarteirão inteiro e fosse fazer ali cinco edifícios, ela ia tentar fazer uma posição de cada prédio em que o conjunto atendesse mais os seus interesses individuais, mas consequentemente se relacionassem melhor os prédios. Então a escala de projeto favorece um pouco o resultado final. Com certeza a gente vai ter um skyline e um visual de prédio com boa arquitetura contemporânea para eles ficarem bonitos, modernos.
O envolvimento da empresa nesse projeto vai ser maior do que nos outros?
O nosso envolvimento, eu diria, que será similar. Ah, nós nos envolvemos muito. No primeiro nós somos proprietários da terra, somos responsáveis pela infra e somos a única incorporadora. Já em Uberlândia, há um proprietário da terra, situação análoga aqui em São José dos Campos. Nós somos responsáveis pela infraestrutura em Uberlândia e há duas construtoras, nossa e mais uma local.
Aqui em São José dos Campos há uma proprietária da terra, nós somos responsáveis pela infraestrutura e como ainda não foram lançadas as primeiras torres, ainda está em aberto.
Mas esse é o projeto da sua vida até agora?
Então, é o projeto da minha vida até agora e tem uma probabilidade razoável de ser o projeto da minha vida de sempre. Por que eu digo isso? Porque quem é do segmento imobiliário da área de novos negócios sabe o que é essa área, o que ela representa em termos de raridade. Não é uma questão de a gente ser bom ou não, ou de projeto, a gente ter uma empresa grande ou não, ter grana ou não.
É que não tem cinco áreas como essa no Brasil e a chance de eu fechar uma dessas cinco é bem baixa, assim como era de fechar essa aqui. Acho que o leitor vai saber aí que todo mundo tentou fechar essa área e não conseguiu. Eu dei sorte de fechar uma. Mas é importante também o leitor saber que assim como eu dei sorte de fechar uma aqui, umas 20 eu não consegui fechar e alguém fechou. Então assim, é um funil, né? A gente tem uma probabilidade baixa de conseguir.
É tipo um corretor que pega o telefone e liga para ofertar para um cliente, qual é a chance de ele conseguir vender? 1%? É a mesma coisa, quando eu acho uma terra boa e proponho para o proprietário acreditar que a gente vai ser o melhor parceiro para ele. Essas probabilidades são baixas.
E nesse caso vocês procuraram o dono do terreno ou foi o inverso?
Nós procuramos o dono do terreno. Chegamos num momento bom, que é quando estava acontecendo a mudança do plano diretor, final de 2020. Já estamos há 5 anos envolvidos com isso, mais ou menos. Não é fácil. As pessoas acham que eu estou chegando, eu já estou cansado (risos).
Você tem o prazo de 36 meses para entregar a infraestrutura. Quando deve ter gente morando lá?
Nós vamos entregar em 36 meses, contados da data em dezembro, a infraestrutura para as pessoas começarem a construir as suas casas. Eu acredito que as pessoas que começarem as suas casas mais rapidamente e conseguirem fazer obras rápidas, levariam pelo menos um ano para fazer a sua casa. Então, num cenário otimista, nós teremos alguém morando lá daqui a 48 meses.
Mas nós estamos desenvolvendo projetos para lançar os edifícios e a partir do momento que forem lançados, a gente já vai ter pessoas morando nos apartamentos, 36 meses depois. Então, assim, não cravando datas, mas estimando datas, eu acho que em 48 meses a gente teria uma torre entregue e casas construídas.
E quando tudo poderá estar funcionando?
Vai depender da velocidade de vendas, que reflete na velocidade de ofertas. Então, nós temos uma oferta que a gente sabe que é muito grande para a cidade absorver num prazo curto. Nós não sabemos em que Brasil nós vamos fazer essa oferta. Não sabemos a taxa de juros. Não sabemos qual vai ser a legislação e nem a moeda.
Então, eu acho que a gente entra acreditando em São José dos Campos, no Brasil e no mercado imobiliário. Mas o final a gente ainda não sabe qual vai ser.
O prefeito Anderson Farias considera o projeto do Parque Uma um divisor de águas na cidade. Como é para você viver esse momento, essa relação com a cidade?
Eu diria que muito mais do que um negócio, é um desafio intelectual e algo que dá significado para o meu trabalho. Não é sempre que a gente tem a oportunidade de tomar decisões que são importantes e que podem impactar positivamente uma cidade como essa. Sei das minhas responsabilidades, ao mesmo tempo trilhei uma trajetória que me credenciou e os meus sócios e a minha empresa e os nossos funcionários para dar conta desse recado.
Acho que o fato de nós termos aprovado o projeto direto e convencido a proprietária e vendido 100% no lançamento dos lotes unifamiliares, sendo improvável conseguir convencer a proprietária, difícil aprovar um projeto dessa escala nesse local e mais ainda vender num preço que as pessoas não imaginavam, um produto aberto que elas não imaginavam, e conseguir êxito, de alguma maneira demonstra que a gente de fato tinha condições de desenvolver esse projeto.
Agora nós estamos trabalhando nas obras de infraestrutura com fornecedores de primeira linha. A empresa que está contratada para fazer infraestrutura se chama Ribeiro Aquino. Já fizeram outras obras aqui em São José dos Campos, eu acredito que várias. É uma empresa que nós estamos satisfeitos, confiando que vai entregar um bom projeto e nós somos totalmente responsáveis para que isso aconteça.
Como foi o contato com a Prefeitura de São José dos Campos?
Eu tato aqui com muitas prefeituras, a nossa empresa atua em seis estados. Eu posso dizer que não foi fácil no bom sentido. E não foi difícil no bom sentido também. As secretarias que eu mais estive presente foram na Seurbis (Urbanismo e Sustentabilidade) e na Semob (Mobilidade Urbana). Na Seurbis, quem nos recebeu sempre foi o [Marcelo] Manara, secretário de Urbanismo, e o superintendente dos departamentos de algumas divisões ali na secretaria. A aprovação começou com o Paulo Guimarães, o ex-secretário da Semob, e foi concluída com o Gláucio [Rocha], o atual secretário.
Todas as decisões foram técnicas. O corpo técnico da Prefeitura de São José dos Campos é capaz, capacitado. Nosso time de consultores e os nossos colaboradores tiveram conversas em algumas vezes não de igual para igual, mas percebendo que a prefeitura estava mais capacitada tecnicamente até que os nossos times.
E não por os nossos times não serem bons e a prefeitura ser boa, mas quem trata de uma cidade que está dentro de uma prefeitura e vai falar, por exemplo, de trânsito, fala com uma experiência de quem cuida de uma cidade. Quem trabalha fazendo consultoria para loteador, fazendo rua em condomínio, pórtico, ponto de o, saída de posto de combustível, é outra experiência completamente diferente.
Então, nós aprendemos com São José dos Campos. Apesar de a gente ter uma larga experiência na área de urbanismo, São José dos Campos é uma cidade diferenciada. Então, assim, em termos de corpo técnico, número de funcionários, estrutura de prefeitura, estado de São Paulo, que é o primeiro projeto idealiza no estado de São Paulo. Então, nós não chegamos aqui achando que sabíamos mais que ninguém.
Nós sabíamos que nós tínhamos uns valores na concepção de projetos que eram legais, mas nós aprendemos juntos com a prefeitura, principalmente a entender a complexidade de uma cidade do tamanho de São José dos Campos, próxima da Via Dutra, no estado de São Paulo, entre mar e morro e duas capitais brasileiras aí com bastante fluxo.
E as conversas sempre foram duras, mas a recepção sempre foi grande. E o interesse público sempre foi o que guiou as pessoas todas com quem eu tratei. Um grande receio de quem vai empreender numa cidade nova é o cenário político, jurídico que vai encontrar. E muitas vezes é um cenário pró-empresário que a do ponto, que começa a bajular o empresário e a gente sabe onde isso pode chegar. E outras vezes ele é contra o empresário, de uma forma de evitar que o empreendimento aconteça por uma questão de ranço de classe ou de atividade. Nós não encontramos nenhuma das duas coisas em São José.
Na minha opinião, nós tratamos com uma prefeitura equilibrada, numa cidade que se orgulha de ser empreendedora e inovadora, que recebe empresas com bons olhos, mas que quer fazer uma coisa boa e que é fiscalizada por todos os órgãos reguladores, Ministério Público, que ninguém quer um documento que depois gere algum, digamos assim, uma responsabilização de um servidor.
Então, assim, é fazer as coisas bem feitas e não deixar nenhuma ponta solta. Esse sempre foi o espírito da aprovação, tanto que nós temos aí R$ 25 milhões aproximadamente de mitigatórias, de obras externas, de trânsito.
E no curso das aprovações de projeto aí mais de R$ 100 milhões entre pagamento de outorga onerosa e mitigatórias de trânsito que estão definidas em lei, não foram exigências do processo, são exigências do plano diretor. Não é muito fácil viabilizar economicamente os interesses dos consumidores, do proprietário e carregar esses ônus, que esse é o meu papel, o papel da Idealiza Cidades.
Mas eu acho que a gente vem conseguindo fazer isso e conseguimos tirar um bom produto do papel que vai ser bom para a cidade, que tem atendido os consumidores porque compraram e a proprietária porque topou a parceria. A gente fala que pintar um quadro é arte, mas compor esses interesses, tem um caráter criativo artístico empresarial que eu acho bem instigante.
Os R$ 25 milhões de contrapartida são para quais obras?
São as duplicações na Cassiano Ricardo, da Via Oeste. E nós temos os reservatórios de água, emissário de água, emissário de esgoto e dispositivos de drenagem externos no empreendimento. Serão investidos R$ 120 milhões, incluindo as contrapartidas.
A Idealiza muda de patamar depois desse projeto?
Eu acredito que sim. Eu acho que a Idealiza, 7 anos atrás, quando mudou para São Paulo e lançou o projeto de Uberlândia, já mudou de patamar. ou de ser uma empresa do Sul para ser uma empresa interestadual sediada em São Paulo.
Mas eu sei que no radar da cidade de São Paulo e do seu estado como um todo, São José dos Campos é top five das principais cidades do interior do estado, essa área está no radar. Então, digamos, muda um pouco a percepção de marca da Idealiza Cidades, principalmente no estado de São Paulo.
Quem é do segmento imobiliário, eu acho que já vê valor na marca, já conhece o Parque Una e entende assim que nós somos capazes de fazer. Mas eu acho que aqui tem um canhão de comunicação e de população e de influência política no país que também muda o nosso patamar.
Vocês estão envolvidos em outros projetos nesse momento?
A empresa tem que tocar outras coisas também. Nós temos um bairro para lançar na cidade de Porto Alegre. Não sendo bairrista aqui, mas que tem uma população maior, eu nasci em Pelotas, mas sou gaúcho, mas tem uma população maior do que São José dos Campos. A renda per capita acredito que é maior também, é a oitava economia brasileira. É um projeto de 15 torres. Temos um projeto na cidade de São Carlos, onde hoje é propriedade da família proprietária da Tapete São Carlos, que é uma empresa conhecida na região. Estamos ali desenvolvendo também um bairro planejado com dois condomínios unifamiliares e um Parque Una.
E tenho mais cinco namoros não formalizados com donos de diamantes brutos como esse aqui, Brasil afora, alguns no Nordeste, e que espero poder anunciar brevemente.
A empresa está crescendo? Qual é o tamanho da equipe de vocês?
Eu diria que hoje os nossos números são maiores do que o número de pessoas que nós temos. 2024 a empresa vendeu R$ 740 milhões. É difícil dizer o número de funcionários porque nós estamos bem espalhados no Brasil.
Nós temos funcionários na cidade de Macapá, a 600 km do Oiapoque, e temos funcionários em Pelotas, a 250 km do Chuí. Então, é muito difícil separar o que é a equipe de escritório, de obra própria e terceirizada. Então, se a gente for ver o time assim de escritório, que está nas sedes da Idealiza, eu acredito que a gente deve ter alguma coisa entre 100 e 120 pessoas.
Se a gente pensar nas pessoas que estão atuando nas nossas obras e que são funcionários diretos, talvez se aproxime dos 200. Se a gente for pensar nas pessoas que estão trabalhando com habitualidade só para nossa empresa, construindo as nossas obras, aí eu acho que a de 1.000.
Então, não tem um lugar que eu consiga consultar quantas pessoas trabalham conosco. Se nós formos considerar os corretores que sustentam suas famílias vendendo esses produtos, eu acho que aí vai para 2.000. E também tem o serralheiro que vai lá dar manutenção, a loja de móveis que mobilia depois da entrega. Nós fomentamos uma cadeia que é conhecida como sendo um grande empregadora na economia.
A Idealiza tem um coração pensante, intelectual?
Não, eu diria que nós temos um núcleo intelectual descentralizado. A nossa empresa tem uma estrutura que fica em São Paulo, ali na Alameda Jaú, próxima da Avenida Paulista, que é onde eu trabalho e que tem um time que faz aprovações de bairros planejados, outro que faz aprovação de condomínios fechados e a estrutura de engenharia, marketing financeiro das obras de urbanismo.
Depois nós temos um time na cidade de Caxias do Sul, que coordena todos os projetos de incorporação dentro dos bairros planejados. E nós temos um time em Pelotas, um time em Uberlândia, um time em São José dos Campos. Nós alugamos duas salas no edifício Hyde Park, ali na frente da área [do Terreno das Vaquinhas].
Estamos terminando o projeto de arquitetura de interiores e vamos ter ali uma estrutura para 12 funcionários trabalharem na área de escritório. E que vai ser um terceiro núcleo de inteligência que vai fazer essas incorporações dentro do bairro. Mas nós também temos uma sede em Macapá, uma em Gaspar, que é conurbada com Blumenau, e na cidade de Santa Maria, também no Rio Grande do Sul. Eu cada uma tem a sua importância intelectual e cada uma atua em segmentos distintos que, somando, gera essa grande engrenagem.
O Vale do Paraíba é uma região que atrai vocês para novos projetos?
Nós chegamos a participar de uma concorrência de uma área conhecida aqui na cidade, aqui em São José, e acabou que a empresa que deu a melhor proposta não foi a nossa, e é uma boa empresa também, vai sair um bom projeto na cidade. Não temos nenhuma negociação em andamento no Vale.
O Vale é denso e são poucas as áreas como essa aqui. Então, essa forma de atuar em bairros planejados, nós estamos na melhor área da melhor cidade do Vale. E chegamos a ter algumas conversas em Taubaté, Pinda, mas nada evoluiu para um fechamento de negócio. Então, eu diria que nós estamos abertos, mas não estamos próximos de nenhum negócio.
Para viabilizar um projeto de um bairro planejado, qual é o mínimo do tamanho de uma área para vocês entrarem?
Se for para a incorporação imobiliária, eu acho que pelo menos 15 torres e no mínimo R$ 1 bilhão de VGV. Para começar.
Depois de tudo pronto aqui em São José, o que você pode contar para quem vai morar, para quem vai usufruir disso aqui, o que vai ser?
Eu fiz um vídeo em Uberlândia, quando estive lá semana ada e eu vi no playground mães sentadas nos bancos vendo seus filhos brincarem, mães brancas, mães negras, mães ricas, mães pobres, pais sozinhos, mães sozinhas, vi pessoas correndo em luta por uma vida mais saudável, acho que a corrida é democrática. Eu corro no Ibirapuera e vejo um gestor de grandes fortunas correndo e vejo uma pessoa que eu noto ali que é simples e que está correndo no mesmo espaço, ao mesmo tempo em igualdade de condições, cada um contando só com o seu corpo e a sua motivação.
Eu acho que é muito difícil atuar como empresário no Brasil com tantas desigualdades sociais, sendo a todo o tempo criticado por ser um construtor, um incorporador. A gente é sempre o malvadão das discussões de Facebook, Instagram, mas quem senta na nossa cadeira é difícil, será vai conseguir fazer algo melhor do que a gente está fazendo?
Quem ler esse livro aqui [do empreendimento em São José], que eu acredito que serão poucos, embora eu tenha distribuído 3.000 na cidade, vai entender que há repertório aqui, há boas intenções, existem grandes desafios e nós não vamos resolver nada, nós só vamos cooperar com a cidade para que ela se torne mais atrativa para as pessoas morarem, trabalharem.
O nosso diretor de engenharia saiu de São Paulo, estava morando nos Jardins e quis morar em São José dos Campos, já está aqui. E outras pessoas já saíram do Sul para morar aqui. Cada pessoa na faixa dos 30 anos, 40 anos, que se muda para São José dos Campos com um salário aí de 15, 10, 20 mil reais por mês, tem um incremento na economia absurdo comparado com a ideia de formar uma criança numa escola pública, esperar que ela faça a faculdade para depois trabalhar na cidade.
Então, o efeito que tem no desenvolvimento de São José dos Campos, um bairro que pode ajudar num movimento que hoje já existe e que se intensificou na pandemia, das pessoas quererem morar aqui, vai fazer quem tem imóvel valer mais, quem investiu em apartamento ou lugar melhor, quem quer um emprego melhor, mudar para uma empresa que está pagando mais.
Quem não se sente valorizado na empresa que trabalha numa cidade de pleno emprego, pleitear um aumento e o patrão concordar porque senão vai achar outro.
Então, assim, eu sou um entusiasta de cidades, estudo o assunto, gosto e tento ganhar dinheiro dando significado de uma forma coordenada ao mercado, academia e consumidor, que é uma tarefa hercúlea e que eu erro muito, aprendo muito e dou o meu melhor. A prova é que estou colocando o meu dinheiro e a minha reputação em risco.