
Voos com baixa ocupação, conhecidos como “voos fantasma”, ainda são realizados por companhias aéreas na Europa. Essas operações ocorrem mesmo com aeronaves partindo com menos de 10% da capacidade, e em alguns casos, repetem-se dezenas de vezes ao mês. A prática é motivada por uma exigência do setor aéreo: manter pelo menos 80% da malha aérea programada para garantir os chamados slots — horários de pouso e decolagem nos aeroportos mais concorridos.
Os slots são altamente disputados e, caso uma empresa não cumpra a frequência mínima de uso, pode perdê-los. Por isso, manter um voo mesmo com a baixa ocupação é considerado mais vantajoso do que cancelá-lo.
Por que não são oferecidos descontos de última hora?
Companhias evitam aplicar descontos de última hora para não comprometer o planejamento comercial. Se os consumidores começarem a esperar por tarifas mais baixas próximas à decolagem, a tendência é de que deixem de adquirir agens com antecedência, o que pode reduzir a receita e dificultar o controle da ocupação média dos voos. Além disso, a oferta irregular de bilhetes promocionais pode gerar frustração entre os ageiros, já que não há previsibilidade sobre quais voos terão assentos sobrando.
Situação no Brasil
Embora o Brasil também opere com o sistema de slots, a prática de voos com baixa ocupação não é comum no país. A demanda interna tende a preencher os voos, mesmo em horários considerados menos atrativos. Aeroportos como o de Congonhas, em São Paulo, são regulados por critérios da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), que definem a capacidade operacional por hora.
Impactos ambientais
A realização de voos com poucos ageiros é alvo de críticas de organizações ambientais. Esses voos contribuem para a emissão de gases poluentes sem uma justificativa relacionada à movimentação efetiva de pessoas. Durante a pandemia, regras sobre slots foram flexibilizadas para permitir o cancelamento de voos sem penalidades. No entanto, com o retorno das exigências, as companhias voltaram a operar trechos com baixa demanda para manter sua posição nos aeroportos.
A discussão sobre a manutenção dessa regra segue em debate em diversos países, especialmente considerando os impactos ambientais e operacionais no setor aéreo.