MORADORES SÃO CONTRA

França vai construir prisão de segurança máxima em plena Amazônia

Por | da Redação
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Reprodução/Architecture Studio/apij.justice.fr
Inspirado no rígido regime antimáfia italiano, o presídio contará com um anexo específico para os detentos mais perigosos.
Inspirado no rígido regime antimáfia italiano, o presídio contará com um anexo específico para os detentos mais perigosos.

A França anunciou a construção de uma prisão de segurança máxima em plena floresta amazônica da Guiana sa, com foco em isolar líderes do tráfico de drogas e condenados por radicalismo islâmico. O projeto, que já provoca protestos entre autoridades e moradores locais, tem inauguração prevista para 2028 no município de Saint-Laurent-du-Maroni, próximo à fronteira com Brasil e Suriname.

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Inspirado no rígido regime antimáfia italiano, o presídio contará com um anexo específico para os detentos mais perigosos, incluindo 15 vagas destinadas a radicais islâmicos. A estrutura terá 60 celas de segurança máxima e capacidade total para 500 presos, com monitoramento eletrônico 24 horas, bloqueadores de celulares e drones, revistas constantes e visitas extremamente limitadas.

De acordo com o ministro da Justiça francês, Gérald Darmanin, o local isolado foi estrategicamente escolhido para dificultar qualquer comunicação dos líderes criminosos com suas redes na França continental. “Será uma forma definitiva de retirá-los da cadeia do tráfico”, declarou em entrevista ao Journal du Dimanche.

A prisão será instalada no mesmo município onde funcionava a histórica colônia penal de Saint-Laurent-du-Maroni, que enviou milhares de condenados para a temida Ilha do Diabo entre os séculos 19 e 20. A antiga prisão ficou mundialmente conhecida após o lançamento do livro Papillon, posteriormente adaptado para o cinema.

Apesar do histórico carcerário da região, o anúncio causou revolta entre representantes locais. O presidente interino da Coletividade Territorial da Guiana sa, Jean-Paul Fereira, classificou a decisão como desrespeitosa e unilateral. Ele afirma que o projeto apresentado em 2017 previa apenas uma nova unidade para aliviar a superlotação da penitenciária de Rémire-Montjoly, e não para abrigar criminosos de alta periculosidade vindos da Europa.

“Somos contra transformar nosso território em depósito de delinquentes e pessoas radicalizadas da França continental”, afirmou Fereira, em nota oficial. O deputado local Jean-Victor Castor também se manifestou, chamando o plano de “retrocesso colonial” e pedindo sua suspensão imediata.

Com uma taxa de 20,6 homicídios por 100 mil habitantes — quase 14 vezes a média sa —, a Guiana sa enfrenta altos índices de criminalidade. O município de Saint-Laurent-du-Maroni é um dos principais pontos de partida do tráfico de drogas rumo à Europa, o que, para o governo francês, justifica a escolha da localização.

Além da nova prisão, o governo da França também anunciou medidas mais duras contra o crime organizado, incluindo a criação de uma promotoria especializada, ampliação de poderes de investigação e proteção a delatores.

Imagens do projeto em 3D divulgadas pelo Ministério da Justiça mostram uma estrutura moderna, cercada por vegetação densa -- símbolo da tentativa sa de endurecer sua política penal longe do continente europeu.

*Com informações do Ministère de la Justice, BBC e G1

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