OPINIÃO

A vacina contra o herpes zóster


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A saúde dos idosos é um tema central em muitas pesquisas científicas, especialmente à medida que as populações ao redor do mundo envelhecem. Com o aumento da longevidade, surgem novos desafios para a medicina e saúde pública, principalmente no que diz respeito a doenças crônicas e distúrbios cognitivos, como a demência. Um estudo recente tem trazido uma boa notícia para as mulheres idosas: a vacina contra o herpes zóster, comumente conhecida como a vacina contra o "cobreiro", pode não apenas prevenir essa infecção dolorosa, mas também reduzir as chances de desenvolvimento de demência.

O herpes zóster é uma doença viral causada pela reativação do vírus varicela-zóster, o mesmo vírus responsável pela catapora (varicela). Após uma pessoa ter catapora, o vírus permanece adormecido nas células nervosas do corpo e pode se reativar anos depois, geralmente quando o sistema imunológico está enfraquecido devido ao envelhecimento, estresse ou outras condições de saúde.

Quando o vírus se reativa, ele causa uma erupção cutânea dolorosa, geralmente no tronco ou em um dos lados do corpo. Essa erupção é acompanhada de bolhas e dor intensa, que pode persistir por semanas ou meses. A condição é conhecida por ser muito dolorosa e pode levar a complicações sérias, como a neuralgia pós-herpética, uma dor crônica que pode durar muito tempo após a cura da erupção cutânea. A neuralgia pós-herpética é uma das complicações mais comuns e debilitantes do herpes zóster, sendo especialmente prevalente em idosos.

Estudos recentes têm sugerido uma associação entre o herpes zóster e o aumento do risco de demência, especialmente em mulheres idosas. Pesquisas mostram que a reativação do vírus varicela-zóster pode causar inflamação no cérebro e no sistema nervoso central, o que, ao longo do tempo, pode contribuir para o desenvolvimento de distúrbios cognitivos, como a demência. A inflamação crônica é um fator de risco importante para o Alzheimer e outras formas de demência.

Além disso, o estresse e o sofrimento associados à dor intensa do herpes zóster podem enfraquecer ainda mais o sistema imunológico, tornando o corpo mais vulnerável a outras infecções e condições que podem prejudicar o funcionamento do cérebro.

A vacina contra o herpes zóster foi desenvolvida para prevenir a infecção pelo vírus varicela-zóster e, assim, evitar as complicações graves, como a neuralgia pós-herpética. Existem duas principais vacinas disponíveis: Zostavax e Shingrix. Ambas são recomendadas para adultos com 50 anos ou mais, principalmente aqueles que já tiveram catapora na infância, já que o vírus permanece em seu corpo por toda a vida.

A pesquisa Vacinação contra Herpes Zóster e Redução do Risco de Demência

Recentemente, um estudo realizado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, fez uma descoberta surpreendente: a vacinação contra o herpes zóster pode reduzir significativamente o risco de desenvolvimento de demência em mulheres idosas. A cidade de Jundiaí, assim como muitas outras no Brasil, tem uma população crescente de idosos, e a saúde dessa faixa etária é uma prioridade. A vacinação contra o herpes zóster está disponível na rede privada de saúde e em alguns postos de saúde, dependendo das orientações locais. É importante que os idosos de Jundiaí consultem seus médicos para discutir a possibilidade de se vacinarem, especialmente aquelas mulheres com mais de 50 anos.

A prevenção é sempre o melhor caminho quando se trata de doenças infecciosas e condições crônicas. Os idosos de Jundiaí, assim como os de outras regiões, devem ser incentivados a se vacinar e a buscar o melhor cuidado possível para garantir uma vida mais saudável e com menos riscos de complicações cognitivas e neurológicas no futuro.

Edvaldo de Toledo é empresário, enfermeiro, especialista em Gerontologia e Geriatria, Criador da Cuidare e Diretor de Saúde do Município de Pedra Bela
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Comentários

1 Comentários

  • AUGUSTO CAROLEI FILHO 08/05/2025
    Uma pena que o PNI/SUS ainda não disponibiliza essa vacina tão importante no seu calendário vacina. Sabemos que o custo não é tão elevado, e que ajudaria a diminuir o sofrimento de idosos, mas infelizmente as notificações são baixas, além da pouca divulgação de matérias como essa. Parabéns pelo excelente Artigo...