02 de junho de 2025

Meu tempo é quando 283g3m

Por David Chagas |
| Tempo de leitura: 4 min

Avaro o pensamento. Mesmo assim, obrigo-me a pensar que, do nascer ao pôr do sol, o dia insiste em resumir a vida. Quem fui? O que foi? Sou? Como será?“De manhã escureço/ De dia tardo/De tarde anoiteço”. De noite… Ardo? Sem licença do poeta amado, uso seu verso de forma distinta da criada por ele: “meu tempo é quando!”Em vinte e quatro horas! Quantos notarão? Há quem não se aperceba sonhando ser eterno. Prosseguir perseguir o que dita o tempo em espaços os mais diversos. Ao final, somar cada dia aos dias já contados.Ao escrever observo: o espaço onde me encontro, já não mais existe. É outro. Também sei quantos já não estão. Outros que desconheço, nasceram. Quantas mudanças em torno de mim? Meu Deus, no ado tudo o que há pouco, conheci.Este instante de agora, as cores, os tons, a luz, desfalecida. Tão diferente. Sou o mesmo? Sigo sendo. Não me reconheço no rosto de agora, mas é como estou. Não me dei por esta mudança em mim.Anima-me a expectativa de estar outra vez desde o início da jornada do sol assistindo ao tecer de minutos, de horas, até completar-se o dia. Há, por sorte, espaço para sonho e nisto cabe fluxo e refluxo da vida.Dia por dia, o dito cujo pensamento obriga a rever tempo decorrido e buscar forma de sentir, sem sofrer, novos acontecimentos. ar? Não é fácil, mas é preciso. “Eu, porque me conheço/ me separo de mim/ e penso.” Separar-se para entender e assimilar a trajetória. Todo o correr do dia, um espelho.Como um só dia pode resumir o conjunto deles, querendo demonstrar, ao por do sol, para quem já ou por tantas e distintas etapas, ter encontrado referência para sua própria vida.Se assim é, imitar a serenidade e a calma que o instante revela. O sol posto, metáfora perfeita para o envelhecimento, sugere o comportamento de modo límpido. Hora de entender e aceitar definitivamente o fim.No ocaso, o outro lado espera a luz do sol. E a nós, o que nos espera? O que ensina o sol ao despedir-se? Não fazer este instante demorado. Fraquejar na luz, mas persistir com ela. Cor. A mesma. Outro tom.Separar-se causa estranhamento. Até para o sol, permanente na luz. Serenidade, no entanto. Que tempo este! Houve, por certo, outros que foram iguais, senão piores, e contam suas histórias.Não perder a coragem para prosseguir. Enfrentar com garbo situações diversas e, mesmo angustiado, a outras tantas que registrem e obriguem registrar acontecimentosImportante é saber do tido, reconhecer o ido e reconhecer que os detentores do poder causam o mal, pobres coitados que são. Na verdade, inseguros, agem assim porque precisavam dos outros e, por não se darem conta disto, exigem o que não exigem de si mesmos ou não am neles. Incapazes, a grande maioria. Miseráveis! Sequer entendem o sentido profundo desta palavra que os caracteriza.Se o Planeta Azul não se desmoronou, sobrepôs-se a dores diversas, a acontecimentos infelizes. Eles nada fizeram. Ao contrário, destruíram ainda mais com guerras, desmatamentos, bombas. Incapazes foram de alimentar-se do bom e do belo, das alegrias, de seguir na caminhada sufocando tristezas e dores.Antes mesmo que a peste do século matasse o genial ator, ele decretara ser o riso um ato de resistência. Infelizes, não gostaram da ousadia e gritaram e gesticularam e tentaram projetar-se sobre muitos com brilho tremeluzente, fraco.Se parece pouco claro o domingueiro causo que lhes conto, se apercebam ao menos que os pósteros hão de reconhecer como se enredou em dificuldades o momento em que aqui estivemos. Impossível dissuadir de espaço e tempo, em seus aspectos metafísicos e epistemológicos para entender.Gostaria de explorar sonho ameno, destes que desenham sorriso no rosto do leitor ao saber do canto harmonioso dos pássaros e da vontade incontida do menino ao ver subir pipa no azul do céu tocada pela brisa recém-chegada do sul. Aqui, o sonho é outro. Tampouco hesito em palavra que permita entender as etapas e os limites por que a, no meu tempo, o conhecimento humano com uma geração devotada à tecnologia e aos objetos que criou.Tudo avança muito rapidamente. A humanidade? Bom deve orgulhar-se destes avanços todos, se com eles encontrar velocidade que revele iguais favores em razão do homem.Por favor, olhe em redor. Veja. Sinta. Conclua. Não se esqueça de que “o tempo é a medida do movimento segundo o antes e o depois”. Não vá fundo demais em busca do entendimento, porque o presente carece de espaço. As coisas am num momento. A sensação do presente persiste, porque a atenção perdura. Assim como o futuro que, na verdade, não existe. O que existe, isto sim, é a expectação dele.Semelhante, as lembranças que insistem em fazer o ado perdurar. Sentiu como um dado momento presente é, ao mesmo tempo, presente e ado?Melhor seguir o poeta: meu tempo? É quando! 1w1x3x

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