NA BERLINDA

Novas acusações reacendem escândalos do ado da Cacau Show

Por Bia Xavier/JP |
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução - Fachada de loja da Cacau Show
Cacau Show esteve envolvida em uma série de polêmicas nos últimos anos.
Cacau Show esteve envolvida em uma série de polêmicas nos últimos anos.

A Cacau Show, frequentemente exaltada como caso de sucesso do empreendedorismo brasileiro, vive sua maior crise de imagem. Denúncias recentes revelam uma cultura organizacional marcada por assédio moral, práticas abusivas e até rituais místicos conduzidos pelo próprio fundador e CEO, Alexandre Tadeu da Costa. As acusações acenderam um alerta sobre os bastidores de uma marca que, até então, parecia inquestionável.

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A nova onda de denúncias foi impulsionada por relatos de ex-funcionários e franqueados nas redes sociais e em reportagens independentes. De acordo com os relatos, rituais místicos ocorriam com frequência em reuniões da alta liderança, envolvendo trajes brancos, cânticos, velas e discursos espiritualizados, promovidos sob a promessa de alinhamento com o "propósito maior da empresa".

Os funcionários afirmam que quem se recusava a participar era pressionado ou isolado. “Você começava a ser apagado da comunicação interna, excluído de reuniões, até ser demitido ou pedir para sair”, disse um ex-colaborador, sob anonimato, à revista Piauí. Já franqueados denunciam práticas sistemáticas de retaliação por críticas à gestão. Entre as alegações: envio de produtos com vencimento próximo, restrição de crédito e rees forçados de mercadorias de baixa rotatividade, que comprometem o desempenho financeiro das lojas. A empresa teria ainda praticado vigilância excessiva e imposição de metas com penalidades subjetivas.

Em nota oficial, a Cacau Show afirmou que as visitas da liderança às lojas são “ações de alinhamento comercial” e negou qualquer conduta abusiva.

Relembre outros escândalos envolvendo a Cacau Show

Caso do “reconhecimento peniano” (2023)

Um dos episódios mais constrangedores envolvendo a marca aconteceu em 2023, quando um consultor financeiro foi acusado por funcionárias de uma loja franqueada de importunação sexual. Após a prisão, ele foi submetido a um procedimento ilegal na delegacia: teve que mostrar seus órgãos genitais a policiais para fins de reconhecimento, sem qualquer amparo legal ou perícia.

O homem foi inocentado posteriormente, e a Justiça determinou que a Cacau Show indenizasse a vítima em R$ 50 mil por danos morais, considerando o constrangimento gerado a partir de uma denúncia sem provas e da falta de responsabilidade institucional.

Discriminação em benefícios (2022)

O STILASP (Sindicato da Alimentação de São Paulo) denunciou a empresa por fornecer cestas básicas com valores inferiores a trabalhadores temporários, o que contraria a convenção coletiva que garante o mesmo benefício a todos. A prática foi classificada como discriminatória e alvo de protestos e processos trabalhistas.

Picolé alcoólico e risco a menores (2019)

Em 2019, a empresa lançou um picolé sabor Smirnoff Ice — com teor alcoólico — promovido em ambientes íveis a crianças, como quiosques de shopping e lojas temáticas. O Procon-SP notificou a empresa, alertando para o risco de indução ao consumo precoce de álcool e exigindo explicações formais sobre a campanha.

Briga judicial por “Língua de Gato”

A empresa também enfrentou uma disputa judicial com a Kopenhagen, que reivindicava exclusividade sobre a marca “Língua de Gato”. A Justiça entendeu que a expressão é de uso comum no setor de chocolates, autorizando a Cacau Show a continuar utilizando o termo, mas o caso expôs as tensões comerciais entre grandes players do ramo.

Reclamações sobre qualidade e preços

Nos últimos anos, a empresa tem enfrentado uma enxurrada de reclamações no site Reclame Aqui. As críticas mais comuns são: aumento desproporcional de preços, queda na qualidade dos produtos, e má conduta de franqueados não fiscalizados pela rede. Uma das denúncias envolvia o chocolate quente, que teria se tornado “mais ralo e insosso”, com valor quase dobrado em menos de um ano.

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