
As mudanças nas regras para tirar a cidadania italiana vem preocupando os ítalos descendentes aqui no Brasil. A nova proposta de lei restringe o reconhecimento da cidadania pelo "direito de sangue" apenas para filhos e netos de italianos nascidos no país europeu terão esse direito.
A Società Italiana de Piracicaba, instituição de longa data na cidade e responsável pela tramitação de documentos para a cidadania italiana, está atenta às recentes alterações nas regras. O Jornal de Piracicaba conversou com Juliano Dorizotto, empresário e presidente da entidade, que explicou como a associação pode ajudar os piracicabanos a adquirirem esse direito.
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Como a Società Italiana de Piracicaba pode ajudar?
“O papel da Società é orientar seus associados sobre os impactos das novas regras em cada tipo de processo de cidadania, e, acima de tudo, fortalecer os laços culturais, econômicos e sociais com a Itália, promovendo os interesses comuns entre os dois países”, afirmou o presidente da entidade.
Ele também ressaltou a importância de os ítalo-descendentes se engajarem ativamente nas causas e atividades ítalo-brasileiras. “Participar de movimentos ligados à italianidade, apoiar entidades representativas, exercer o direito ao voto e aprender o idioma são formas de honrar nossos anteados e preservar os direitos já conquistados.”
Dorizotto destacou ainda que os efeitos mais significativos das mudanças devem atingir as futuras gerações. “O impacto mais relevante será sentido pelos descendentes cujos pais ou avós não tenham nascido na Itália”, concluiu.
Quem já tem o direito deve se preocupar?
Embora, em um primeiro momento, o decreto não preveja a retirada da cidadania dos brasileiros que já possuem o direito, Juliano fez um alerta sobre possíveis desdobramentos futuros: “Poucos participam do movimento de italianidade, poucos se envolvem com entidades representativas. Isso transmite uma imagem muito negativa ao governo italiano. Como opinião pessoal, não descarto que, futuramente, o governo e a enxergar que muitos buscam a cidadania por interesses alheios à valorização da cultura italiana ou à manutenção dos laços com a Itália. Nesse cenário, não seria surpreendente se surgissem novas exigências até mesmo para a permanência desse direito.”
No Brasil, segundo estimativa da Embaixada da Itália, mais de 30 milhões de pessoas podem ser afetadas pelas mudanças. Em Piracicaba, a previsão é de que o número de impactados ultrae 5 mil.