
Um soldado da Polícia Militar de São Paulo afirma ter sido forçado a realizar tarefas pesadas em obras internas da corporação, mesmo com a lesão grave no ombro diagnosticada como frouxidão ligamentar: condição que compromete a estabilidade das articulações e pode ser causada por fatores genéticos ou traumas repetitivos.
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Segundo apuração do Metrópoles, Lucas Cardoso dos Santos Neto, que atua na PM há uma década, relata que mesmo com atestados médicos recomendando repouso, foi designado para atividades como carregar blocos e sacos de cimento, o que agravou seu quadro clínico. A condição, segundo especialistas, torna os ombros mais suscetíveis a luxações e deslocamentos, especialmente quando submetidos a esforço físico intenso.
Apesar de ter sido transferido para uma função istrativa, Lucas afirma que repetidamente foi direcionado a funções em obras. “Sempre que me afastam das ruas, dizem que vou trabalhar no setor interno, mas me colocam para carregar material de construção”, contou ao portal.
Diagnosticado com frouxidão ligamentar no início do ano ado, o soldado ou por cirurgia no ombro esquerdo em janeiro deste ano pelo SUS. Mesmo assim, continua com dores e necessita de fisioterapia. Ele também deve operar o ombro direito.
A condição clínica de Lucas o levou a procurar atendimento no Hospital da Polícia Militar, mas, segundo ele, não havia ortopedistas disponíveis. Em pelo menos duas ocasiões, após sofrer luxações, esperou atendimento por horas, sem sucesso. Diante da dificuldade, recorreu ao Hospital do Tatuapé, referência em traumas, mas os atestados emitidos pelo SUS eram frequentemente desconsiderados pela corporação, que reduzia o período de afastamento determinado pelos médicos civis.
Na nota divulgada pelo Metrópoles, a Polícia Militar informou que o Hospital da corporação atende conforme a prioridade médica e que os afastamentos por saúde são avaliados individualmente com base em laudos técnicos. A corporação confirmou que Lucas está afastado desde janeiro para tratamento.
Especialistas alertam que, em casos de frouxidão ligamentar, o respeito ao período de recuperação é fundamental para evitar lesões recorrentes e garantir a reabilitação adequada.
A defesa do soldado, representada pela advogada Fernanda Borges, já acionou a Corregedoria da PM para apuração do caso. Lucas afirma que não pretende retornar à corporação.