
Joelho ralado, choro sentido... Um beijo de mãe, e pronto, sarou o machucado!
Medo do escuro, de bicho-papão, lobos, bruxas, duendes, monstros arrepiantes! A mão da mãe na mãozinha da criança, um abraço apertado, a lágrima seca e a paz retorna.
Relâmpagos, trovões, um temporal anunciando-se. As palavras da mãe acalmam – “filho, a chuva é bem-vinda, as plantinhas precisam dela para viver”. O medo vai embora e o sorriso volta na face rosada.
Febre, tosse, nariz entupido, chiado no peito. O corpinho todo dói. A mãe a a noite em claro debruçada sobre o leito do filho, aconchegando-se a ele e desejando ardentemente que, por osmose, a febre e para ela e livre seu pequenino daquele sofrimento. E com o aconchego e calor da mãe, ele finalmente dorme.
Primeiro dia na escola. Apreensão, tudo novo e diferente. O adejar de asas necessário ao aprendizado. A presença materna acalma, aquieta, traz conforto, e o pequenino aceita a nova realidade que fará parte de sua vida dali por diante..
Tanta maldade no mundo, violência, competição. No regaço materno, o amparo, a segurança, a proteção. Mãe é âncora, leme, o porto seguro dos filhos.
Ser mãe é dividir segredos, alegrias, angústias, protagonizar aventuras, acompanhar a lição de casa. Fazer a comida gostosa, o bolo cheiroso, o suco refrescante.
Mãe só é feliz quando vê que o ser que trouxe ao mundo, está feliz. Chora com ele e o ampara nas derrotas e vibra com suas vitórias. Nos jogos de futebol, de basquete, nas apresentações de balé, a mãe é a primeira da fila a torcer e incentivar. Mãe é fã de carteirinha dos filhos, a torcedora número um, a tiete da cria.
Que amor é esse que crê serem os filhos eternas crianças? Mesmo calvos e barrigudos os filhos, ou matronas as filhas, ela pergunta: “vocês se alimentaram direito?”.
Mãe é doçura, maciez, colo quente e aconchegante. Mãe é ternura, carinho e amor. Talvez a forma de amor mais próxima do amor divino, aquele que nada cobra em troca.
Sou filha, sou mãe, e também avó. Minha filha se preocupa com as filhas. Eu me preocupo com ela e com as filhas dela. Minha mãe se preocupava comigo, com os netos e bisnetos. Sina de mulher! Não ter sossego...
Mãe é confidente, compreensiva, reza o tempo todo para os anjos e aos espíritos bondosos para que guardem seus filhos e os livrem de todo o mal.
Estavam certas minha mãe, minha avó e a mãe de minha avó quando diziam: “quem tem mãe tem tudo!”. Só quem já não a tem sabe o que perdeu... Santas mulheres, de filhos gerados na carne ou no coração.
Que amor é esse? Que perdoa sempre, não guarda ressentimentos, e quanto mais sofre, mais ama. Entre todos os tipos de amor, o que mais se assemelha ao amor divino, o mais altruísta, que dura até a última batida do coração, e mesmo morta, a mãe se transforma em anjo para proteger lá do alto os filhos queridos. Essa ligação é eterna, vence o tempo, a distância, e até a morte. Nada poderá desfazer os laços que fazem o amor de mãe ser o mais bobo, patético e incompreensível e também o mais lindo e verdadeiro, aquele com o qual podemos contar para sempre e em todas as horas de nossa vida, e depois dela...
Ivana Negri é escritora.