ESPIONAGEM NO BR

Saiba quem eram os espiões russos e que nomes usaram; Rússia nega

Por Maurício Businari | da Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil
Por anos, o Brasil serviu como ponto de partida para a elite da espionagem russa, segundo uma reportagem do jornal 'The New York Times'.
Por anos, o Brasil serviu como ponto de partida para a elite da espionagem russa, segundo uma reportagem do jornal 'The New York Times'.

Agentes secretos da Rússia adotaram identidades brasileiras para forjar vidas comuns no país antes de partir em missões internacionais, segundo a PF (Polícia Federal).

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Por anos, o Brasil serviu como ponto de partida para a elite da espionagem russa, segundo uma reportagem do jornal "The New York Times". Em silêncio, agentes do Kremlin apagaram o ado soviético e assumiram nomes, documentos e profissões brasileiros. Fingiam ser empreendedores, modelos, acadêmicos, casais apaixonados. Abriram empresas, construíram vínculos e viveram entre a população - até desaparecerem, quase sempre, antes que fossem desmascarados.

A investigação da Polícia Federal, batizada de Operação Leste, já identificou pelo menos nove agentes russos com identidades brasileiras falsas. Apenas um está preso. Os demais escaparam, a maioria para países como Uruguai, Portugal e Namíbia. Confira os nomes brasileiros que nunca existiram - e os rostos por trás da farsa.

Victor Muller Ferreira

Nome verdadeiro: Sergey Vladimir Cherkasov
Descoberto em: abril de 2022
Primeiro a ser desmascarado pela PF após alerta da CIA. Cherkasov tentou se infiltrar no Tribunal Penal Internacional, na Holanda, usando identidade brasileira. Tinha documentos autênticos: aporte, título de eleitor e certificado militar. Foi preso no Brasil por falsidade ideológica e segue detido em Brasília.

Gerhard Daniel Campos Wittich

Nome verdadeiro: Artem Shmyrev
Descoberto em: dezembro de 2022
Empresário do ramo de impressão 3D no Rio, vivia com uma brasileira e tinha rotina comum. Após monitoramento da PF, fugiu do Brasil dias antes da emissão do mandado de prisão. Deixou para trás R$ 60 mil em espécie, equipamentos eletrônicos e mensagens trocadas com a esposa russa, também agente.

Eric Lopes

Nome verdadeiro: Aleksandr Andreyevich Utekhin
Descoberto em: início de 2023
Se apresentava como joalheiro e chegou a pagar para aparecer em programa de TV. Falava português com sotaque, evitava entrevistas e usava funcionários como fachada. Quando a PF chegou às lojas, ele já havia desaparecido. Investigações apontam agem pelo Oriente Médio.

Manuel Francisco E Adriana Carolina Pereira

Nomes verdadeiros: Vladimir Danilov e Yekaterina Danilova
Descobertos em: 2023 (reconhecimento via inteligência internacional)
Casal russo que viveu no Brasil até 2018 e depois se mudou para Portugal. As identidades falsas foram desmascaradas com a ajuda de agências ocidentais. Desapareceram antes de a PF agir.

Maria Isabel Moresco Garcia

Nome verdadeiro: não divulgado
Descoberta em: 2023
Espiã loira, que se apresentava como modelo brasileira. Vivia com Federico Luiz Gonzalez Rodriguez, também com identidade brasileira falsa. Ambos usavam documentos brasileiros e deixaram o país antes de serem localizados. Acredita-se que tenham seguido para a Europa.

Maria Luisa Dominguez Cardozo

Nome verdadeiro: Olga Igorevna Tyutereva
Descoberta em: outubro de 2024 (via alerta da Interpol emitido pelo Uruguai)
Obteve documentos no Brasil e depois aporte uruguaio. A última localização confirmada foi na Namíbia. Está na lista de alertas azuis da Interpol.

Roman Olegovich Koval E Irina Alekseyevna Antonova

Nomes brasileiros não divulgados
Descobertos em: final de 2024
O casal vivia com identidades brasileiras ainda não divulgadas. Ambos deixaram o Brasil em 2023 rumo ao Uruguai e foram identificados posteriormente pelas autoridades. Foram identificados após trocas de informações com agências internacionais de inteligência. Seus nomes reais constam nos alertas azuis da Interpol.

Segundo o New York Times, o aporte brasileiro foi um dos principais atrativos para os espiões russos. Com ele, é possível entrar em dezenas de países sem necessidade de visto, o que facilita missões internacionais sem levantar suspeitas em fronteiras.

Outro ponto destacado pela reportagem é a miscigenação da população brasileira. De acordo com investigadores citados pelo jornal, pessoas com traços europeus ou sotaques leves am despercebidas, o que ajuda os agentes russos a manterem o disfarce por mais tempo.

Além disso, a vulnerabilidade do sistema de registros civis foi explorada pelos infiltrados. Em áreas rurais do Brasil, a emissão de certidões de nascimento pode ocorrer apenas com o testemunho de terceiros, sem necessidade de comprovação médica. Conforme apurou o NYT, essa brecha permitiu a criação de identidades completamente novas com documentos autênticos, mas baseados em dados fictícios.

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