ABUSO

Moradora de Franca relata trauma após pornografia de vingança

Por Leonardo de Oliveira | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Crime pode acarretar em até 5 anos de prisão
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Em tempos de relações cada vez mais mediadas por redes sociais e aplicativos de mensagens, o envio de fotos íntimas a parceiros tornou-se uma prática comum entre casais. No entanto, o que nasce em um contexto de confiança pode se transformar em uma arma de destruição psicológica quando o relacionamento chega ao fim e com ele, surgem ameaças, chantagens e vazamentos.

Esse tipo de violência ganhou nome: "pornografia de vingança", prática criminosa prevista no Código Penal Brasileiro desde 2018 (Lei 13.772/18), com pena de até cinco anos de reclusão. Ela consiste na divulgação, sem consentimento, de conteúdo íntimo com o objetivo de humilhar ou punir a vítima - geralmente mulheres - após o fim de um relacionamento.

Em entrevista ao Portal GCN/Sampi, uma das vítimas desse crime, que preferiu não se identificar, compartilhou como viveu o trauma e os efeitos prolongados dessa forma de violência.

“A situação de ser ameaçada afetou muito meu psicológico. Eu confiei totalmente em uma pessoa e ei a ser ameaçada por ela a ponto de ter de sair de casa e me afastar do trabalho por um tempo”, conta a moradora em Franca.

Ela relata que o ex-companheiro a ameaçava constantemente, com o vazamento das imagens, toda vez que falava em terminar o relacionamento.

“Sempre que eu falava em terminar, ele me ameaçava com essas fotos. Mas chegou a um ponto que tive de assumir o risco e terminar de vez. Eu comecei a enxergar que era um relacionamento abusivo.”

O ponto mais delicado da situação foi quando ele enviou uma das imagens para o celular da mãe da vítima, com visualização única, o que impossibilitou a preservação da prova.

“Ela não sabia que precisava guardar a mensagem. Abriu, viu e logo me contou. Na minha casa, meus pais ficaram com muito medo de que ele realmente publicasse. Temiam pela minha privacidade.”

Apesar de o conteúdo não ter sido divulgado, além da foto enviada à mãe, o impacto foi suficiente para gerar consequências duradouras.

“Fiz tratamento psicológico por um ano para me ajudar a superar e aprender a conviver com isso, porque infelizmente não acabou. Hoje ainda me sinto insegura de iniciar um novo relacionamento, de confiar nas pessoas em geral. Meu psicológico ainda está abalado, principalmente quando vejo casos semelhantes acontecendo. É como se eu estivesse revivendo tudo isso.”

Um crime que precisa de atenção

Casos como esse são mais comuns do que se imagina e, muitas vezes, não chegam às autoridades por medo, vergonha ou desconhecimento. A vítima tem direito à proteção e pode procurar delegacias especializadas, como a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), além do apoio jurídico e psicológico garantido por lei.

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