Com 26 votos favoráveis e nenhum contrário, a Câmara Municipal de Campinas aprovou nesta quarta-feira (22), em primeira discussão, a criação da Secretaria Municipal de Políticas para a Mulher, uma nova estrutura no organograma da istração Dário Saadi. A unanimidade da votação não surpreende, mas reforça a retomada de controle do prefeito sobre a base aliada, especialmente depois de um início de novo mandato em que temas espinhosos — como o reajuste dos presidentes de autarquias — causaram desconforto no Legislativo.
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A velocidade do trâmite também chama atenção: antes mesmo da sessão ordinária, a audiência pública obrigatória já estava marcada para a próxima segunda-feira (26), revelando que o governo tratou a proposta com prioridade absoluta e preparou o terreno político com antecedência. O texto deve ser aprovado em segunda votação sem dificuldades e, posteriormente, sancionado.
Mais do que um avanço institucional em uma pauta sensível, a nova secretaria representa um movimento cirúrgico de articulação política. A criação da pasta faz parte de um acordo para aumentar a acomodação do Partido Liberal (PL) no primeiro escalão, fortalecendo ainda mais a presença da legenda que, hoje, conta com cinco cadeiras na Câmara e desempenha papel estratégico em votações-chave.
Ao escolher justamente uma secretaria com foco em políticas públicas para as mulheres — tema caro à esquerda e ao campo progressista —, o prefeito desarma resistências ideológicas e constrange opositores. Como se opor a uma estrutura voltada a ações de enfrentamento à violência contra a mulher, geração de renda e inclusão social? Mesmo os discursos mais combativos até podem fazer ressalvas, mas não contrariar.
O projeto prevê o desmembramento de ações que hoje estão sob a Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social, promovendo uma reorganização istrativa. O Conselho Municipal dos Direitos da Mulher também será transferido à nova pasta.
A leitura nos bastidores é clara: a base de Dário se recompôs e a agora a pavimentar novas entregas — e, claro, acomodações — rumo à reta final do primeiro semestre. A criação da secretaria, embora ainda exija a segunda votação, já é tratada como vitória sacramentada. Falta definir um nome.
Com habilidade, Dário na verdade criou cargos num setor incontestável do ponto de vista social e ainda reforça seu arco de alianças. O PL ganha espaço, o governo mostra força e a oposição, mesmo com barulho, assiste.
Reforma Tributária
O Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas (CDRMC), presidido pelo prefeito de Campinas, Dário Saadi, manifestou apoio à emenda do senador Otto Alencar que propõe mudanças na composição do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), criado pela reforma tributária. A proposta também é respaldada pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP).
“A proposta de Alencar reconhece a diversidade socioeconômica e demográfica das cidades brasileiras e promove equilíbrio federativo, ao assegurar a participação dos secretários de finanças e fazenda dos municípios na governança do IBS”, afirma Dário Saadi. Segundo ele, a emenda reforça o federalismo cooperativo e amplia o protagonismo dos municípios no novo sistema tributário.
A emenda busca modificar a Lei Complementar 214/2025, que atualmente prevê a eleição de duas chapas para a composição do Conselho Superior do Comitê Gestor do IBS: uma com 14 membros eleitos por prefeitos e outra com 13 membros indicados com base na população dos municípios.
Na nova proposta, a composição seria definida por uma única eleição, com 14 vagas indicadas pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e 13 pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP). O objetivo é garantir a representatividade de municípios grandes, médios e pequenos, assegurando uma governança mais equânime e eficiente do sistema tributário.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: [email protected].