
Bauru ultraou a marca de R$ 20 bilhões em previsão de potencial de consumo em 2025, conforme aponta o levantamento do IPC Maps. O valor representa uma alta percentual de 22,67% no comparativo com 2024, o que supera a média nacional (3,01%) e estadual (2,65%), resultado de um fenômeno identificado como migração social positiva, que elevou o poder de compra de milhares de famílias bauruenses.
Segundo Marcos Pazzini, diretor da IPC Marketing e responsável pelo estudo, o desempenho de Bauru é reflexo de uma transformação socioeconômica. "Houve um deslocamento significativo de domicílios de classes menos abastadas para a classe média ou para as classes mais altas", explica. O levantamento indica que a 'classe D e E' na cidade sofreu uma redução de 23% na quantidade de domicílios, enquanto a classe C cresceu 3,9% e a classe B avançou 8,9%.
Inclusive, a classe C foi a grande responsável pelo avanço no potencial de consumo, com um aumento de quase 45% nos valores movimentados entre 2024 e 2025. Esse crescimento está diretamente ligado à melhoria do mercado formal de trabalho. "O emprego com carteira assinada vem aumentando trimestre após trimestre e Bauru se beneficiou. Esses empregos geram melhoria de renda e permitem a migração social positiva", destaca Pazzini.
O desempenho de Bauru também reflete um movimento mais amplo: o avanço do Interior brasileiro, que já responde por mais de 55% do consumo nacional. "Esse processo começou há bastante tempo, quando indústrias e outras empresas foram captadas por cidades pequenas e médias fora dos grandes centros. Esses municípios desenvolveram seus distritos industriais e atraíram empresas oferecendo isenção de impostos ou até oferecendo áreas construídas para as corporações. Tudo com o objetivo de aumentar, posteriormente, a arrecadação de impostos e gerar empregos", explica. Pazzini cita o exemplo do Grande ABC, que perdeu a participação no consumo.
Bauru também segue a tendência nacional de envelhecimento da população, com reflexos claros no perfil de consumo. Para Pazzini, o aumento da longevidade impulsiona despesas com saúde, medicamentos e planos de assistência. "Essa população idosa é mais consciente em relação à saúde, tem melhor renda e disposição para consumir". Ela também pondera que ainda faltam políticas que estimulem mais o turismo e o lazer para esse público. Se houvesse, essa população movimentaria ainda mais o potencial de consumo, observa.
Outro dado de destaque no estudo é o gasto com veículos próprios, que supera R$ 2,2 bilhões e ultraa o consumo com alimentação. Segundo Pazzini, essa tendência se consolidou a partir da pandemia, quando muitos brasileiros aram a usar seus veículos para atividades econômicas, como serviços de entrega ou transporte por aplicativos. Este é o terceiro setor que mais gerou gastos, perdendo apenas para habitação (R$ 5,5 bi) e "outras despesas" (R$ 3,64 bi).
O levantamento do IPC Maps mostra, ainda, que Bauru mantém um perfil predominantemente de classe média, com mais de 50% dos domicílios na classe C, responsável por 38% do consumo local. Já a classe A, apesar de representar apenas 4,3% dos domicílios, responde por 18% dos gastos no município.