OPINIÃO

A santíssima trindade da memória

Por Nei Silva Lima |
| Tempo de leitura: 2 min

Santíssima Trindade da Memória Bauruense (Luciano Dias Pires, Irineu Bastos Filho e Gabriel Ruiz Pelegrina) agora reunidos no mundo espiritual. Mais uma grande personalidade de Bauru fecha seu ciclo brilhantemente na terra branca aos 98 anos.

Os três amigos tive o privilégio de conhecer através do trabalho na Prefeitura de Bauru, relações que carrego com muito carinho e zelo afinal amos 1/3 do dia, da vida no trabalho!

Seu Luciano conheci através da amiga, arquiteta e professora Maria Helena Carvalho então secretária de planejamento (secretaria que não existe mais) do governo Nilson Costa. Ele coordenava o Centro de Memória da ITE, na rua lateral do Tauste, na época BAC, hoje virou asilo ou "clínica geriátrica". Percebam as mudanças na nossa querida cidade que por eles não avam despercebidas. Testemunhas oculares pela longevidade adquirida. Um acervo de dar gosto a qualquer Museu Municipal. Mas a pedra angular, a joia mais rara da coroa, o baú de memórias estava em sua brilhante cabeça. Que privilégio estudar e guardar tantas informações. Dizem que o segredo da longevidade é usar bem o cérebro, está aí mais uma prova.

Certa vez andando pelas ruas próximas do Jornal da Cidade achei um envelope jogado com umas dez, quinze fotos antigas de moradores de nossa cidade. Entreguei para seu Luciano na certeza de que ele haveria de apurar o local, a data e possíveis personagens das fotografias em preto e branco. Memória não se acha em qualquer esquina mas as vezes as jogam no lixo. Por isso gosto de anotar a data e local atrás das fotos, como antigamente.

Seu Irineu Bastos e a elegante Janira Fainer Bastos conheci na casa dos professores Paula Landim e Claudio Goya num dos inesquecíveis jantares em que eles recebiam amigos e alunos da Unesp.

Seu Gabriel Pelegrina conheci através do CODEPAC (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru). Era uma enciclopédia ambulante. Falava sobre todos os assuntos, nada ava despercebido. Datas, nomes com seus óculos e a boca molhada. Todos os três, pessoas brilhantes que você aria horas e sempre ficava aquela vontade que saber mais, de visitar a casa e olhar o acervo pessoal. Sim historiadores e memorialistas são apegados, as vezes acumuladores mas numa bagunça organizada onde se acha tudo e se guarda tudo meticulosamente por data, assunto, década.

Que sorte grande de Bauru ter três grandes memorialistas, historiadores, contadores de causos e que hoje ficarão em nossa memória ao respeitarmos suas vidas, suas obras, seus escritos, suas lembranças, suas fotos, entrevistas, a vida deles misturada com as nossas, afinal somos humanidade.

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