
Nas últimas semanas, vídeos de pessoas tratando bonecos reborn como se fossem bebês reais chamaram atenção nas redes sociais e provocaram reações diversas do público — desde curiosidade até preocupação. Em matérias já publicadas no Jornal de Piracicaba, especialistas alertam para possíveis impactos emocionais em adultos que usam os bonecos como substitutos afetivos. No entanto, esse debate tem ofuscado a trajetória de profissionais que se dedicam à arte reborn como uma expressão legítima de sensibilidade, habilidade e criatividade.
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É o caso de Nathalia Souza, artesã de Piracicaba, que descobriu o universo reborn em 2015, quando ainda havia poucos profissionais dessa área no Brasil. Desde então, ela mergulhou na técnica, investindo em cursos nacionais e internacionais. “Hoje me especializei em silicone sólido, o material que mais se assemelha à pele humana”, explica.
Como são feitos
A produção de um bebê reborn pode levar de 10 a 30 dias, e o processo é detalhado e técnico. Nathalia utiliza moldes de vinil com fisionomias realistas, nos quais aplica silicone líquido. O material a por uma máquina a vácuo e depois é desmoldado. Só então começa a etapa mais minuciosa: pintura, matificação e enraizamento fio a fio do cabelo.
O resultado é uma peça de arte hiper-realista. E apesar do que se vê nas redes sociais, Nathalia afirma que a maior parte de seus clientes não busca os bonecos como substitutos emocionais. “Essa arte se popularizou muito mais entre crianças e colecionadores apaixonados do que entre adultos com problemas emocionais”, afirma. Ainda assim, ela reconhece o valor terapêutico que os reborns podem ter. “Os pais me contam que os bonecos ajudam as crianças a se afastarem das telas e terem momentos de brincadeiras lúdicas.”
Os preços variam conforme o material e o nível de realismo, indo de R$800 a R$8.700. No exterior, os valores podem ser até três vezes maiores. Segundo Nathalia, isso acontece porque no Brasil ainda se olha para o reborn como um “brinquedo”, e não como uma obra de arte. “A criação é bem minuciosa, exige percepção sobre o que o cliente deseja.”
Uma arte emocionante
Hoje, Nathalia está reformando seu ateliê, que tem decoração inspirada em maternidades. Ali, os clientes podem pesar seus bebês e receber até uma certidão de nascimento simbólica. Ela conta que a procura aumentou, especialmente com a chegada ao mercado brasileiro dos modelos feitos com silicone físico. “Depois de anos no mundo corporativo, sinto que encontrei meu lugar. É maravilhoso ver alguém sorrir com a boneca que fiz com tanto carinho e dedicação.”
Apesar das críticas que a arte reborn enfrenta, Nathalia lida com tranquilidade. “Essa arte já existe há mais de vinte anos. E recebo muitos vídeos emocionantes de clientes felizes com seus bebês.”
Para conhecer o trabalho de Nathalia:
Instagram: @nathaliasouzaartreborn
YouTube: Nathalia Souza Bebês Reborn