OPINIÃO

'Guarde com a própria vida'

Por Giselle Hilário | Jornalista, mestre em comunicação, ex-editora do JC
| Tempo de leitura: 1 min

Era com essa frase que o jornalista Luciano Dias Pires, que faleceu nesta segunda-feira (26), me entregava as fotos históricas de Bauru que guardava, quando eu começava a produzir os suplementos do aniversário da cidade junto com o saudoso Milton de Oliveira, o Bill. De 1998 a 2022, período em que produzi as edições comemorativas, ouvi a mesma frase. Todos os anos. E logo que o suplemento entrava na gráfica do JC, lá estava o Luciano querendo as fotos de volta.

Confesso que no começo aquilo me irritava um pouco. Me perguntava se ele me achava irresponsável (rsrsrs), mas depois entendi. Luciano tinha um misto de ciúme, apego e medo de perder um material tão rico e precioso.

O que para muita gente era um monte de fotografia velha amarelada pelo tempo, para ele era um tesouro a ser guardado "com a própria vida". E ele guardava (acho).

Na pandemia, quando precisei ir à casa dele para buscar algumas imagens, descobri que elas ficavam guardadas em um armário, trancadas à chave.

Luciano gostava de contar histórias da Bauru do ado, do footing pela Batista de Carvalho depois do cinema, de como as árvores sumiram do canteiro central da Rodrigues Alves, das visitas de políticos ilustres à cidade, do nascimento da ferrovia, do Noroeste, do Pelé, de como os alagamentos já eram um problema para Bauru dos primeiros tempos...

Aprendi muito sobre a cidade com ele.

Vá em paz, Luciano. Certo de que você foi um pilar importante na preservação da história da cidade. O Bauru Ilustrado, suplemento do JC que circulou por 50 anos sob seu comando, é prova disso.

E vai Corinthians!

PS: Para quem não sabe, o Luciano era corintiano mais que roxo

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