
Um dos maiores ídolos dos esportes em Bauru nos últimos anos, o jogador de voleibol da Seleção Brasileira Darlan Souza, o oposto Darlan, 22 anos, querido demais pela torcida, fez seu último jogo pela equipe do Sesi no último dia 17 de abril, no ginásio Paulo Skaf, contra o Praia Clube. Ele está de malas prontas para a Itália, onde jogará no time do Verona.
Da base do Sesi-SP ao pódio de campeão da Superliga 2024 com o Sesi Bauru, Darlan já tem história e alma de vencedor. Agora parte para conquistar o mundo. Com um vigor físico invejável e técnica apurada, tornou-se dono de recordes incríveis nos últimos seis anos. A potência de seus aces e cortadas encantam as plateias nos ginásios Brasil afora. "Mais do que os números, o que fica é o legado de um atleta que representa o DNA do Sesi-SP: trabalho, evolução e superação", escreveu o Sesi SP em sua página do Facebook.
Fã do mangá japonês Naruto, Darlan tem o costume de fazer o gesto do "Jutsu Bola de fogo" antes de ir para o saque, que invariavelmente cai na quadra ou então explode nos braços dos atletas e vai para fora. Na despedida, Darlan foi homenageado com uma deferência que é reservada aos craques: sua camisa 18 ficará "congelada", guardada para um possível retorno dele no futuro.
"Obrigado a todos que me acolheram, a torcida em Bauru, em São Paulo. Fica o aprendizado que tive com todos. Agora é cabeça erguida, pensar no futuro e agradecer ao Sesi por todas as oportunidades que ele me deu e que foram essenciais na minha carreira até agora", disse logo após seu último jogo no Paulo Skaf. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Jornal da Cidade - Você permaneceu por seis anos no Sesi, dois deles em Bauru. Que lembranças leva da cidade?
Darlan Souza - A agem por Bauru é muito especial para mim. O Sesi me ajudou a me descobrir como atleta. O clube me deu toda a estrutura para que eu pudesse me concentrar em trabalhar, dia após dia, até me tornar apto para estar em uma Seleção Brasileira. É incrível perceber essa evolução. Falando especificamente de Bauru, não tem como não lembrar de toda a caminhada até o título da Superliga 2023/2024. A gente tinha um grupo muito trabalhador, que estava junto havia alguns anos, e mostramos a nossa cara para todo o País. Fizemos um grande campeonato e fomos coroados com o título. E também não tem como não falar da torcida, que estava sempre ali, até nas horas difíceis, acreditando na gente até o fim.
JC - Agora, você está partindo para sua primeira temporada fora do Brasil. O que mais te motivou a aceitar essa proposta?
Darlan - Eu acho que estou indo no momento certo. Penso no meu crescimento, em me tornar um jogador mais regular, adquirir mais rodagem internacional e ajudar a Seleção Brasileira no processo de renovação que estamos vivendo. Também é uma oportunidade de conhecer uma nova cultura, de aprender coisas novas. Vou dar tudo de mim. Meus pais estão ansiosos, assim como eu. Como sempre, eles estão me dando todo o apoio. O Alan, meu irmão, me dá muitas dicas, está sempre ao meu lado, mesmo com a distância física. Ele tem uma grande experiência internacional e eu confio muito nele.
JC - Conte um pouco sobre seu início no vôlei.
Darlan - Minha história no vôlei começou por causa do meu irmão Alan. Eu era uma criança antissocial, que ficava o dia inteiro em casa, jogando no computador. O Alan queria que eu me ocue com outras coisas, então ele me levou para o vôlei. Ele já estava se dando bem e achava que eu tinha potencial. Eu comecei a acompanhá-lo na escolinha do professor Miúdo, em Nilópolis, e um dia o Alan me levou para treinar. Acho que viram algum potencial (risos). É claro que não foi fácil, eu era bem iniciante, mas com o tempo fui pegando o jeito dos fundamentos. Logo eu fiz um teste na AABB e ei. Em 2015, me federei. Foram dois anos na AABB, um no Flamengo e um no Fluminense. Até que eu fui convocado para a Seleção Brasileira sub-19, joguei Sul-Americano. Nós fomos campeões e fui o MVP (melhor jogador). O Sesi me chamou em 2019 e eu fiquei no clube até essa última Superliga.
JC - Seu irmão, Alan, é sua inspiração? Como é disputar uma vaga de oposto na seleção com o irmão?
Darlan - Sempre digo que o Alan é minha referência no vôlei. Meus dois irmãos são referências na minha vida, tanto ele e quanto o Alex, que é o mais velho. Mas na quadra, o Alan me ajudou em tudo até hoje. É claro que somos atletas, trabalhamos e queremos estar em quadra sempre. É uma competição saudável e agora temos outros nomes surgindo. A gente se ajuda o tempo todo, brinca quando dá para brincar, mas também conversa sério. Ele já me deu muito esporro (risos). Mas é isso, somos profissionais e temos os mesmos objetivos. A diferença é que o Alan é mais centrado e eu sou bem explosivo (risos).
JC - Como surgiu a ideia de fazer o gesto "Jutsu" ao ir para o saque?
Darlan - Eu comecei a fazer o "Jutsu" bem novo ainda, sem nem pensar na proporção que isso tomaria. No início, teve gente falando que era coisa de maluco. Mas eu nunca ligava. Sempre foi uma forma de eu me concentrar e ao mesmo tempo expressar o meu jeito de ser, a minha identidade. Queria trazer a cultura dos animes para a minha vida. Fico muito feliz de ser reconhecido pelas minhas grandes paixões, o vôlei e os animes.
JC - O Naruto, junto com sua qualidade como jogador de vôlei, fez com que você virasse ídolo também da garotada. Como é essa relação?
Darlan - Eu me apaixonei pelo Naruto desde muito novo, porque é um anime que sempre me proporcionou muitas reflexões. Acho incrível que muita gente também se identifica com isso. Então, eu levo isso tudo de uma forma bastante positiva, essa troca com a torcida. Fico feliz com o carinho que recebo.
JC - Como e onde projeta estar daqui a 5 anos como jogador?
Darlan - Eu quero muito ser campeão olímpico. Acho que nós, atletas, estamos sempre querendo o próximo título que está para ser disputado. Mas os Jogos Olímpicos têm uma energia especial. Ajudar a Seleção a voltar ao topo é o meu maior sonho. Quero continuar evoluindo a ponto de me tornar um atleta cada vez mais regular, mas sempre com a mesma característica que o vôlei brasileiro me ensinou: ser trabalhador, pensar coletivamente, ajudar os meus companheiros, aprender com eles e também ser referência. Para os fãs, só quero que eles continuem me mandando energia positiva e que saibam que eu sigo fiel às minhas raízes, independentemente de onde estiver jogando, e que sou muito grato a todo mundo que torce por mim.
O QUE DIZ O JOGADOR
"Agora é cabeça erguida, pensar no futuro e agradecer ao Sesi por todas as oportunidades que ele me deu"
"Meus dois irmãos são referências na minha vida"
"Para os fãs, só quero que eles continuem me mandando energia positiva e que saibam que eu sigo fiel às minhas raízes, independentemente de onde estiver jogando"