
Em Bauru, o número de nascimentos apresentou uma tendência de queda constante nos últimos anos, conforme dados do Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). A pesquisa revela que a população da cidade está optando por ter menos filhos e em idades mais avançadas, principalmente entre os 25 e 34 anos. Em 2000, foram 16.008 nascidos vivos — 30.67% a mais que em 2024, quando o número atingiu 11.099, o menor patamar da série histórica.
No recorte de faixa etária, o percentual de mulheres que tinham filhos entre 15 e 19 anos em 2000 era de 22,9%. Em 2024, o número chegou a 9%. O mesmo ocorreu com a faixa etária de 20 a 24 anos, com redução de 30,8% para 22,2% no mesmo período. Por outro lado, surgiram mais mães na idade entre 25-29 anos e 30-34. O número saltou de 23,3% para 26,2% e de 14,7% para 22,6%, respectivamente. Nas mulheres de 35-39, também houve aumento de 6,1% para 15,2% — o maior crescimento percentual.
Lúcia Yazaki, analista de projetos do Seade, explica que a tendência reflete um fenômeno de todo o Estado de São Paulo. A principal razão para a diminuição dos nascimentos, de acordo com a analista, é a queda da fecundidade.
Essa redução está ligada a mudanças nas prioridades das mulheres. "As mulheres estão ficando mais instruídas sobre os métodos contraceptivos e colocam como prioridade a instrução, a carreira profissional. A formação da família acaba ficando meio que postergada," explicou Yazaki. A queda da fecundidade é uma tendência observada desde a década de 70, com a taxa atual em torno de 1,5 a 1,6 filhos por mulher.
Yazaki observou que o grupo de 25 a 29 anos se mantém estável, enquanto a fecundidade tem aumentado entre as mulheres de 30 a 39 anos. Nas regiões de Ribeirão Preto e Campinas, a proporção de mães mais velhas é ainda maior.
A redução no número de nascimentos terá um impacto significativo no futuro da cidade. Yazaki alertou que a população crescerá de forma mais desacelerada e que, por volta de 2050, poderá haver uma redução no número total de habitantes de Bauru.
"Isso traz consequências em todos os sistemas, sistema de saúde, sistema de previdência," destacou Yazaki.