
Na série "The Last of Us", um fungo apocalíptico transforma humanos em zumbis. Na vida real, o Cordyceps existe mesmo, mas só afeta insetos. Ainda bem. Mas isso não significa que os cientistas estejam tranquilos: vírus, bactérias e alguns fungos de verdade continuam preocupando. E, embora não provoquem zumbis, já mostraram do que são capazes. Um exemplo é o vírus Nipah, que causou mortes na Índia e tem taxa de letalidade entre 40% e 75%. Vírus como o sarampo, que já é conhecido da população, também preocupam. Basta uma queda na cobertura vacinal para reaparecer.
"Existem patógenos que seriam um pesadelo ainda maior que a Covid-19 considerando sua transmissibilidade", explica o virologista Fernando Spilki.
A médica Mirian Dal Ben, do Sírio-Libanês, lembra que vírus que se espalham pelo ar, como o da gripe aviária H5N1, têm grande potencial de causar surtos difíceis de conter.
"O vírus ainda não é transmitido entre humanos, mas pode sofrer mutações", alerta a médica.
Alguns países já estocam vacinas, enquanto o Brasil ainda não começou. Bactérias não ficam atrás. Com o uso intenso de antibióticos, muitas estão se tornando resistentes.
Um estudo da revista The Lancet projeta até 39 milhões de mortes nos próximos 25 anos por conta disso.
"As bactérias estão matando hoje, principalmente em regiões com pouca vacinação e saneamento", alerta o infectologista Moacyr Silva Jr., do Einstein.
Já os fungos, apesar de menos frequentes em grandes surtos, não estão fora do jogo. Um deles, a Candida auris, já gerou surtos em hospitais e pode ter taxa de letalidade de até 90%.
A infectologista Ana Olívia, do Butantan, explica que eles afetam principalmente pessoas com baixa imunidade, mas não devem ser subestimados.
O que fazer?
Para todos os agentes infecciosos, contudo, existe um leque de medidas necessárias para combatê-los.
A vigilância de patógenos feita por centros de referência, o desenvolvimento de novas vacinas e tratamentos, além da inserção do saneamento básico em algumas regiões financeiramente vulneráveis, são trunfos importantes para evitar que uma doença tenha efeitos devastadores numa região - embora não garantam totalmente que elas não apareçam.
Mas não há, até hoje, proteção melhor que a boa e velha vacina, que mantém as pessoas distantes de antigos conhecidos infecciosos, mas que podem causar grandes comprometimentos de saúde. A exemplo do sarampo, da poliomielite e até da gripe.
"A melhor maneira de se proteger de agentes conhecidos é mesmo a vacinação", indica o Filipe, do Hospital Oswaldo Cruz.
Saiba mais
Fungos, bactérias e vírus são micro-organismos com características e funções distintas, mas que podem causar doenças em humanos.
Fungos: Podem ser unicelulares (leveduras) ou pluricelulares (cogumelos). Se reproduzem de diversas formas, como por esporos, fragmentação ou divisão celular. São importantes decompositores e podem ser usados na produção de alimentos, como queijos e pães. Alguns fungos podem causar doenças como micoses, candidíase e histoplasmose.
Bactérias: Organismos unicelulares procariontes, sem núcleo definido. Se Reproduzem rapidamente por divisão celular. Algumas bactérias são benéficas, como as que vivem no intestino e auxiliam na digestão, enquanto outras são patogênicas e causam doenças. Podem causar diversas infecções, como infecções respiratórias, gastrointestinais e outras.
Vírus: São seres acelulares, ou seja, não possuem células. Necessitam de uma célula hospedeira para se reproduzir. Não são considerados seres vivos, mas podem causar diversas doenças, como gripe, catapora, dengue, HIV e outras.